AGITO: Você fez um belo carnaval. O que achou deste carnaval?
Daniel: Honestamente eu fiz um trabalho razoável e normal. As pessoas estão achando maravilhosas coisas comuns porque tudo está muito ruim. Se aparece algo normal é logo considerado fantástico, para que se eleve por tabela aquilo que não presta.
Daniel Ramon é um cantor e compositor baiano |
Daniel: A televisão. Ninguém aparece mais que os apresentadores e repórteres.
AGITO: Boa resposta (risos). E entre os artistas?
Daniel: Não é permitido mais saber quem foi. Porque o campeonato é restrito a um clube frágil que não admite novidades não credenciadas. Querem agora criar um martir da música, inventar um ídolo a todo custo que tenha a função de cabo eleitoral.
AGITO: Feroz, mas vamos ser menos emotivos. Quem foi o destaque do carnaval?
Daniel: Não vou promover nada aqui. Acho que seria otarice. Se dizem que o Axé é um paciente na UTI, quem sou eu pra salvar? Querem agora mais do que nunca excluir os músicos do meio artístico. Guitarrista do Titãs, do Jota Quest, do Skank, é considerado artista. Na Bahia músico é escravo semi-remunerado. É uma vergonha para nós. Além disso o músico ainda não se respeita e não sabe se comportar em público, aeroportos, hoteis, por exemplo. É triste ver que a classe não se respeita e se considera escrava.
AGITO: Bela observação. E o futuro?
Daniel: Está mais perto do que nunca.